Amantes Passageiros, Os [Los Amantes Pasajeros, Espanha, 2013. Direção: Pedro Almodóvar] |
O novo trabalho de Pedro Almodóvar dividiu opiniões, mas, como de hábito, encontrou seu público. A comédia passa-se quase inteiramente dentro de um avião e é protagonizada por três comissários de bordo vividos por Javier Cámara, Carlos Areces e Raúl Arévalo, basicamente contando a história de um voo que está passando por sérios problemas técnicos, e com o isolamento com algumas poucas pessoas e a tensão gerada pela situação, os passageiros e tripulantes acabam sendo levados a revelar-se com diversos de seus segredos - que vão desde a homossexualidade de alguém até a revelação de que outro é um matador de aluguel -, gerando uma situação bastante confusa. Confusa e interessante, uma vez que poderia traçar um estudo sobre como o ser humano, em diversos casos, tem uma maior facilidade de confidenciar-se com um desconhecido ao passar algumas horas com este do que com um grande amigo, assim seria um baita estudo de comportamento. Mas não é bem o que ocorre.
Infelizmente, eu acabei ficando do lado dos que não gostaram do filme, que além de levar Almodóvar de volta às origens de sua carreira com o gênero de seu novo projeto - uma comédia, saindo dos dramas que vinha fazendo -, também parece transmiti-lo de volta aos tempos de um cineasta amador, que não decide em Os Amantes Passageiros se quer adotar o clima de uma comédia com toques dramáticos e sérios, a partir das mais melancólicas revelações de seus passageiros, ou se deseja utilizar o surrealismo presente para produzir uma comédia escrachada. O filme acaba transitando entre as duas abordagens e não se efetivando em nenhuma delas, já que constrói dramas artificiais e pouco profundos, e também pouco diverte para uma comédia escrachada. Com exceção de alguns poucos momentos de um humor mais sádico e sutil, a produção espanhola acaba surgindo como uma obra ousada, mas também bastante aborrecida, e que certamente será esquecida tão rápido quanto aqueles passageiros deixaram o avião ao notá-lo pousando. Poderá valer a pena para os fãs incondicionais do cineasta, que gostarão de vê-lo voltando às origens. Como obra individual, porém, Os Amantes Passageiros não funciona.
[Avaliação final: *¹/2]
Até a próxima.
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