Estagiários, Os |
The Internship, EUA, 2013. Direção: Shawn Levy. Roteiro: Vince Vaughn e Jared Stern. Elenco: Owen Wilson, Vince Vaughn, Rose Byrne, Aasif Mandvi. Duração: 119 min. Lançamento no Brasil: 30 de agosto de 2013, nos cinemas.
A questão é bastante simples: O conflito de gerações, os costumes, e como eles mudam de uma geração para a outra. Aqui, elas serão experimentadas pela dupla formada por Vince Vaughn e Owen Wilson, a mesma dupla que já se infiltrou em festas - em Penetras Bons de Bico, mas não são os mesmos personagens -, agora se infiltrará na geração seguinte à sua.
Os dois quarentões aqui vivem Billy McMahon (Vaughn) e Nick Campbell (Wilson), que acabaram de receber a notícia de que a empresa em que trabalhavam acaba de ser fechada e, consequentemente, ambos perderam seus empregos. Na idade em que estão, eles reconhecem que suas possibilidades futuras não são as mais positivas, mas Billy encontra uma possibilidade que, aparentando ser pouco palpável inicialmente, acaba se encaixando como o necessário: O Google. Com o verão aproximando-se, nos EUA, há uma série de estágios na temporada de férias para escolher novos funcionários em grandes empresas, e um dos mais concorridos é certamente o do serviço online, mas ainda que possa não ser o mais adequado para a dupla, quando há pouco a se perder, qualquer tentativa pode valer a pena.
Passando por uma entrevista inicial via hangout, Billy e Nick contornam sua completa falta de conhecimento em informática com a boa conversa, e acabam conseguindo as vagas para o estágio de testes. E neste estágio Os Estagiários se situará, narrando todas as diversas confusões que serão vividas pelos dois personagens e também as dificuldades passadas por eles em decorrência de serem bem mais velhos do que a maioria de seus colegas e superiores, sendo com isso por diversas vezes direcionados a desistir da chance pela qual lutam, mas como o sonho - e o filme - não podem acabar ainda, eles continuarão buscando o trabalho no Google para voltar à grande fase, mesmo que ao seu modo diferente do que a empresa necessariamente procura.
O longa, desde o primeiro plano em que situa as dependências da empresa, busca enfatizar as qualidades e o modo inovador de se trabalhar no local - desde a alimentação grátis para os funcionários até as salas de descanso -, o que apesar de ser uma ação de marketing, não incomodará o espectador, por ser retratado com sutileza e se encaixar na trama, ainda que esta desperdice um instante ou outro somente para um plano que enfatize o local. Mas ao mesmo tempo que enfatiza as qualidades do Google, é interessante observar que o roteiro também reserva uma certa crítica à empresa, uma vez que mostra o modo de trabalhar da empresa como bastante sistemático e pouco humano - mais ligado a descobrir códigos do que a atender pessoas, para deixar mais claro -, e a chegada dos dois protagonistas veio para mudar este sistema, pois ambos, por serem mais experientes e seguirem seu trabalho do modo mais tradicional, sempre preferem priorizar a preferência das pessoas ao que os códigos apontam - e não somente por não conhecerem estes códigos -, por isso o apontamento de que a dupla - junto aos seus novos colegas do grupo de estágio -, cumpriu suas tarefas ao seu modo, modo este que não seguia justamente os padrões que a empresa desejava, mas foi os que o tornou tão marcantes naquela temporada do estágio.
A questão é bastante simples: O conflito de gerações, os costumes, e como eles mudam de uma geração para a outra. Aqui, elas serão experimentadas pela dupla formada por Vince Vaughn e Owen Wilson, a mesma dupla que já se infiltrou em festas - em Penetras Bons de Bico, mas não são os mesmos personagens -, agora se infiltrará na geração seguinte à sua.
Os dois quarentões aqui vivem Billy McMahon (Vaughn) e Nick Campbell (Wilson), que acabaram de receber a notícia de que a empresa em que trabalhavam acaba de ser fechada e, consequentemente, ambos perderam seus empregos. Na idade em que estão, eles reconhecem que suas possibilidades futuras não são as mais positivas, mas Billy encontra uma possibilidade que, aparentando ser pouco palpável inicialmente, acaba se encaixando como o necessário: O Google. Com o verão aproximando-se, nos EUA, há uma série de estágios na temporada de férias para escolher novos funcionários em grandes empresas, e um dos mais concorridos é certamente o do serviço online, mas ainda que possa não ser o mais adequado para a dupla, quando há pouco a se perder, qualquer tentativa pode valer a pena.
Passando por uma entrevista inicial via hangout, Billy e Nick contornam sua completa falta de conhecimento em informática com a boa conversa, e acabam conseguindo as vagas para o estágio de testes. E neste estágio Os Estagiários se situará, narrando todas as diversas confusões que serão vividas pelos dois personagens e também as dificuldades passadas por eles em decorrência de serem bem mais velhos do que a maioria de seus colegas e superiores, sendo com isso por diversas vezes direcionados a desistir da chance pela qual lutam, mas como o sonho - e o filme - não podem acabar ainda, eles continuarão buscando o trabalho no Google para voltar à grande fase, mesmo que ao seu modo diferente do que a empresa necessariamente procura.
O longa, desde o primeiro plano em que situa as dependências da empresa, busca enfatizar as qualidades e o modo inovador de se trabalhar no local - desde a alimentação grátis para os funcionários até as salas de descanso -, o que apesar de ser uma ação de marketing, não incomodará o espectador, por ser retratado com sutileza e se encaixar na trama, ainda que esta desperdice um instante ou outro somente para um plano que enfatize o local. Mas ao mesmo tempo que enfatiza as qualidades do Google, é interessante observar que o roteiro também reserva uma certa crítica à empresa, uma vez que mostra o modo de trabalhar da empresa como bastante sistemático e pouco humano - mais ligado a descobrir códigos do que a atender pessoas, para deixar mais claro -, e a chegada dos dois protagonistas veio para mudar este sistema, pois ambos, por serem mais experientes e seguirem seu trabalho do modo mais tradicional, sempre preferem priorizar a preferência das pessoas ao que os códigos apontam - e não somente por não conhecerem estes códigos -, por isso o apontamento de que a dupla - junto aos seus novos colegas do grupo de estágio -, cumpriu suas tarefas ao seu modo, modo este que não seguia justamente os padrões que a empresa desejava, mas foi os que o tornou tão marcantes naquela temporada do estágio.
Justamente ao observar Billy e Nick cumprindo suas tarefas com tanta falta de conhecimento sobre a área em que cumpriam, é que torna-se difícil para o espectador acreditar que duas pessoas com um conhecimento tão baixo na área da tecnologia pudessem ser sequer escolhidas para uma fase de testes numa empresa do nível do Google, portanto a grande conveniência acaba sendo notada e aborrece um pouco a experiência, ainda que não a atrapalhe muito, afinal, já havíamos tido de nos convencer que dois homens norte-americanos com seus quarenta anos e com um poder aquisitivo até avançado sequer tinham alguma noção do que era o Instagram, por exemplo, e mesmo que eles não fossem muito ligados com a tecnologia, estes pequenos erros acabam trazendo um déficit contido à obra, que por sorte sabe utilizar bem esta falta de conhecimento dos protagonistas para gerar boas referências pop - ainda que estas, por algumas vezes, sejam pedestres e existam para substituir diálogos de real importância para o desenvolvimento da trama -, como em determinada sequência - a mais engraçada do longa -, quando a dupla procura por um homem que os foi descrito como "Professor Charles Xavier", e como - sim! - eles também não conhecem o personagem, isto acaba gerando certas complicações; também há outras mais variadas referências, passando por Inferno Nº17 e caminhando até Flashdance. Juntamente das referências, o que também costuma marcar projetos protagonizados pelos dois atores em questão, são os diálogos de improviso, e aqui, o roteiro do próprio Vince Vaughn conta com o auxílio da química entre ele e Owen Wilson para gerar alguns destes, em especial num claramente perceptível, em que os atores soltam uma série de palavras para tentar descobrir uma senha.
Ainda há outros diversos problemas neste Os Estagiários, que caminham juntamente - e justamente em causa - de sua previsibilidade, uma vez que a comédia segue uma fórmula simples, - especialmente em seus conflitos, da busca pelo sonho e as dificuldades enfrentadas que os deixam de cara com a probabilidade da desistência, passando pelo interesse amoroso que surge como distração para Nick -, ainda que esta funcione em decorrência de o foco dramático do longa não ser muito profundo. Fórmula esta que ainda é enfatizada pela direção encomendada de Shawn Levy (lembre-se de que ele já fez isto em Uma Noite Fora de Série), que nem chega a incomodar - exceto pelos, por sorte, breves momentos do segundo ato em que o diretor perde a mão e sua narrativa fica um pouco episódica -, mas não traz nada de novo; ainda há os estereotipados personagens coadjuvantes - há desde o jovem sem autoconfiança até o vilão valentão que implica com o grupo mais fraco da competição pelas vagas, passando também por aquela que não aproveita a vida como deveria em função do trabalho -, e, para finalizar, as mensagens de auto-ajuda sempre presentes em comédias familiares.
Ainda assim, Os Estagiários consegue ser inteligente o bastante para superar parte de seus problemas com sua principal qualidade dentro do gênero do qual faz parte: faz o público dar - muitas - risadas, sem em qualquer momento apresentar erros ofensivos o bastante para subestimá-lo. É uma comédia que propõe-se a entreter com bastante qualidade, e cumpre esta promessa, apesar dos problemas, trazendo ainda algumas boas reflexões sobre a questão do desemprego na faixa etária de seus protagonistas e a substituição de pessoas pela tecnologia - conversando, neste ponto, com o movimento da Terceira Revolução Industrial -, duas ótimas performances partindo de Vince Vaughn - extremamente divertido com a persona exagerada de seu personagem - e Owen Wilson - este dá o carisma necessário ao seu personagem mais contido -, e um trabalho de montagem que faz as quase duas horas de projeção passarem de forma extremamente leve e dinâmica; tudo isso, partindo de uma premissa simples, mas original e interessante o bastante para manter o cinéfilo bastante atento a todos os seus momentos, ainda que este já possa olhar um pouco mais longe e prever o desfecho que está por vir, algo que, em momento algum, prejudica a experiência.
O longa-metragem de trilha sonora quase tão divertida quanto sua própria trama acaba por passar longe do grandioso e colecionar problemas, mas alcança qualidades o bastante para efetivar-se como um filme acima da média, bastante divertido e inofensivo - para os dois lados, tanto por não trazer nenhum erro que ofenda o espectador, quanto por não levar este a pensar nele muitas horas após assisti-lo. Se estagiar no Google for como o longa nos mostrou, Os Estagiários aparenta-se muito com isto: traz suas dificuldades e problemas, mas sem dúvida é uma experiência interessante.
[Avaliação Final: ***]
Originalmente publicado no Loggado.
Até a próxima.
Ainda assim, Os Estagiários consegue ser inteligente o bastante para superar parte de seus problemas com sua principal qualidade dentro do gênero do qual faz parte: faz o público dar - muitas - risadas, sem em qualquer momento apresentar erros ofensivos o bastante para subestimá-lo. É uma comédia que propõe-se a entreter com bastante qualidade, e cumpre esta promessa, apesar dos problemas, trazendo ainda algumas boas reflexões sobre a questão do desemprego na faixa etária de seus protagonistas e a substituição de pessoas pela tecnologia - conversando, neste ponto, com o movimento da Terceira Revolução Industrial -, duas ótimas performances partindo de Vince Vaughn - extremamente divertido com a persona exagerada de seu personagem - e Owen Wilson - este dá o carisma necessário ao seu personagem mais contido -, e um trabalho de montagem que faz as quase duas horas de projeção passarem de forma extremamente leve e dinâmica; tudo isso, partindo de uma premissa simples, mas original e interessante o bastante para manter o cinéfilo bastante atento a todos os seus momentos, ainda que este já possa olhar um pouco mais longe e prever o desfecho que está por vir, algo que, em momento algum, prejudica a experiência.
O longa-metragem de trilha sonora quase tão divertida quanto sua própria trama acaba por passar longe do grandioso e colecionar problemas, mas alcança qualidades o bastante para efetivar-se como um filme acima da média, bastante divertido e inofensivo - para os dois lados, tanto por não trazer nenhum erro que ofenda o espectador, quanto por não levar este a pensar nele muitas horas após assisti-lo. Se estagiar no Google for como o longa nos mostrou, Os Estagiários aparenta-se muito com isto: traz suas dificuldades e problemas, mas sem dúvida é uma experiência interessante.
[Avaliação Final: ***]
Originalmente publicado no Loggado.
Até a próxima.
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