sábado, 5 de outubro de 2013

Pearl Harbor


Pearl Harbor [ - , EUA, 2001. Direção: Michael Bay]

O grande propósito deste longa não é retratar o ataque japonês no território americano durante a Segunda Guerra Mundial, ou produzir um drama militar que abordasse a brutalidade e crueldade dos conflitos, menos ainda abordar os contextos políticos do ataque. Não. Pearl Harbor é apenas a construção de um grande melodrama para, em algum momento, utilizar toda esta jornada como desculpa para utilizar seus efeitos visuais em gigantes explosões e ataques aéreos, afinal de contas, quem está por trás da produção é o Michael Bay do século XXI.

Dois amigos desde a infância decidem juntar-se às forças armadas americanas - aparentemente, inspirados pelo discurso do pai de um deles -, e um deles, Rafe (Ben Affleck) conhece e se apaixona por uma enfermeira do exército, Evelyn (Kate Beckinsale), mas terá que abandoná-la para servir aos Estados Unidos como piloto de um avião de ataque em pleno conflito militar. Quando ele é dado como morto em ação, o seu grande amigo, Danny (Josh Hartnett) apaixona-se pela moça. No entanto, Rafe está vivo e voltará à base militar que dá nome ao filme, onde suas relações com o amigo e sua amada já estarão desestabilizadas, e justamente neste momento eles terão que voltar à ação e superar seus conflitos junto de todos os outros militares, uma vez que o local está sofrendo um grande ataque do Japão pelos ares e os Estados Unidos, despreparados para a ocasião, deverão se defender como puderem.

Infelizmente, todo o tempo gasto pelo roteiro assinado por Randall Wallace até chegar ao momento do conflito militar principal não é empregado em contextualizar politica e historicamente tudo o que havia por trás deste, mas sim em realizar longas apresentações para a formação do triângulo amoroso, da tristeza da partida e dos dramas com os quais suas personagens já haviam sofrido, tudo isso apelando para uma abordagem cafona e piegas, e ainda faltando com uma apresentação melhor elaborada desta grande amizade entre seus dois protagonistas, que sempre acaba soando como artificial. O longa gasta muito tempo com cada "episódio" da trama - assim são tratados pela problemática direção de Bay, que torna a narrativa até o início do ataque bastante episódica. Com isto, acaba também quebrando o envolvimento com os principais dramas desta, por não saber combinar cada um de seus eventos com um que o continue no mesmo clima - logo após a sequência da queda do avião de Rafe, temos a cena da luta entre dois marinheiros que não conta com qualquer importância dentro da trama -, e algo que também contribui para este problema é seu excesso de comicidade em alguns momentos onde isto não era necessário - alguns diálogos oriundos do personagem Red (Ewen Bremner), por exemplo.

Não consigo deixar de me incomodar com o excesso de patriotismo em Pearl Harbor, que é relevado por muitos espectadores em decorrência de "não ser o foco do filme", algo que acredito não ser justificativa no caso de um drama de guerra. O conflito todo é narrado colocando os EUA e o Japão num papel quase cartunesco de herói e vilão, respectivamente, e cada conversa banal que ocorre durante os eventos narrados pela fita torna-se palco para um discurso inspirador sobre a importância de servir ao seu país, isto sem mencionar a exaltação ao poder bélico norte-americano, que embora despreparados, sempre recorrem aos seus poderosos e salvadores armamentos para aliviar os danos sofridos. O longa até tenta realizar uma crítica ao preconceito dentro do exército - a partir do personagem de Cuba Gooding Jr. -, mas infelizmente esta não ganha o aprofundamento que merecia.

Contudo, não posso ignorar os méritos da produção, como seus excelentes efeitos visuais, que tornam os ataques japoneses verossímeis e arrasadores, sua direção de Arte, capaz de reconstruir as consequências destes mesmos ataques eficientemente, e em especial sua montagem, capaz de fazer as três horas da projeção passarem relativamente rápido, o que auxilia a experiência a tornar-se hábil ao menos em entreter. A trilha sonora de Hans Zimmer também ganha seus devidos elogios, pois embora trabalhe a favor do melodrama - o que não me levaria, por exemplo, a ouvi-la fora do filme -, é  intensa e grandiosa dentro da abordagem tomada por este. Em outros quesitos, no entanto, esta abordagem funciona mais como um problema.

[Avaliação final: /2]

Até a próxima.

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