Utopia e nostalgia. Muitas
vezes sem que sequer possamos perceber, preenchemos a maior parte do nosso
tempo em vida transitando entre estas duas narrativas. Ou, ao menos, tentando.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
The Square - A Arte da Discórdia
Uma das grandes
virtudes percebidas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na composição
de sua lista de indicados ao Oscar
2018 foi conseguir abarcar obras que representam o discurso social desejado
pela instituição e, paralelamente, tenham colocado a realização cinematográfica
como prioridade - evitando “berrar causas”. Casos de “Três
Anúncios Para um Crime”, de Martin McDonagh, e “A Forma da Água”, de
Guillermo Del Toro, por exemplo. Sob o comando de Ruben Östlund, que há três
anos nos entregou o ótimo “Força Maior”, The
Square – A Arte da Discórdia decide seguir outro caminho, o da distribuição
efusiva e provocativa de suas teses, defesas e críticas - muitas vezes, de
forma prioritária em relação à narrativa desenvolvida.
domingo, 25 de fevereiro de 2018
Lady Bird: A Hora de Voar
A cultura arrivista na qual vivemos altera fatalmente o período humano da juventude. Preciso deixar minha cidade para alcançar meus sonhos, preciso das oportunidades da cidade grande, preciso deixar minha família para alcançar a independência, preciso deixar aqueles com quem estou para atingir meus objetivos, preciso deixar de ser como sou para tornar-me bem sucedido. São as lógicas imperativas que passam a nos afligir. Tais aflições consomem a consciência de uma faixa populacional que, consequentemente, é hoje acometida pelos distúrbios psicológicos contemporâneos - depressão, burnout, ansiedade, estresse. E ainda àqueles que não chegam a tal estado, através de problemáticas como a instabilidade emocional - incapacidade de manter relações sólidas, sensação de deslocamento, dissolução e esvaziamento constante de interesses, anseios e projetos. Conflitos internos que, afinal, são parcela pétrea da etapa de amadurecimento de quase todo sujeito contemporâneo - incluindo a Lady Bird (Saoirse Ronan).
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Me Chame Pelo Seu Nome
No primeiro momento em que Elio (Timothée Chalamet) tenta abrir-se, ainda mergulhado em receio, para Oliver (Armie Hammer), os dois são opostos espacialmente por um monumento e evidentemente distanciados pela composição do quadro. O nascimento da intimidade entre aqueles dois homens é marcado por uma resistência que angustia e requer um afago, a priori, inconcebível. A verbalização de um sentimento recíproco, mas, na percepção de ambos, inimaginavelmente correspondente. Incogitável.
- Why are you
telling me all this?
- Because I want you to know.
Because there is no one else I can say this to but you.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
O Destino de uma Nação
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Três Anúncios Para um Crime
“Cos you joined the gang, man.And i don’t care if you never did shit or never saw shit or never heard shit. You joined the gang. You’re culpable.”
- Mildred Hayes
Há uma carga de
intolerância e julgamento taxativo que caracteriza as relações humanas do nosso
tempo. Tornou-se aceitável e, pasmem, comum reduzir seres humanos a definições
binárias, excludentes e pouco significativas. Julgá-los por inteiro a partir de
apenas um fator.
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
The Post - A Guerra Secreta
A experiência fragmentada que marca a vida
contemporânea contamina, inevitavelmente, a maneira como passamos a produzir e
contar histórias. Narrativas perderam a percepção de integridade, a ideia da
"experiência" que as envolvia foi dissolvida e, hoje, as
acompanhamos, seja por streaming ou outros meios, de forma
mais distanciada, resfriada, pensada sob o espectro da distração, da atenção
dividida e, por consequência, reduzida. À narrativa tradicional, cabe nos
reaproximar. Propor o (re)encanto. Com Meryl Streep e Tom Hanks como anfitriões
e um experiente Steven Spielberg a guiar, The Post - A Guerra
Secreta nos convida para uma boa história.
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Todo o Dinheiro do Mundo
“Scott
Free Productions.” Assim é chamada a produtora responsável por Todo o Dinheiro do Mundo, fundada pelos
irmãos Ridley e Tony Scott há mais de três décadas. Tony Scott, nascido em
1944, trilhou sua trajetória nos confins do cinema de ação, estabelecendo uma
marca própria no gênero, com sequências estilizadas e um ritmo refinadamente
acelerado, sobretudo nas fases mais maduras da carreira – a franquia “John Wick” e o recente “Atômica”, por exemplo, bebem diretamente desta fonte -, até
decidir tirar sua própria vida, em 2012, deixando-nos um legado importante, e
muitas vezes subestimado. Ridley, nascido sete anos antes do irmão, ascendeu
rapidamente para o alto escalão do cinema hollywoodiano graças ao sucesso de
“Alien: O Oitavo Passageiro” e “Blade Runner – O Caçador de Androides” e, desde
então, transita inconstantemente entre diferentes estilos e abordagens em
produções grandiosas, habitualmente premiadas e progressivamente contestadas.
Na última década, especializou-se na realização de “versões do diretor” nas
quais, segundo o próprio, pode manifestar sua liberdade criativa sem as
restrições impostas pelos estúdios. Trabalhar na “Scott Free” deve assegurá-lo de tal exercício. Mas liberdade para
quê, Sir Ridley?
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Os melhores filmes de 2017
Meus 15 filmes favoritos de dois mil e dezessete:
15. John Wick: Um Novo Dia
para Matar
(John Wick: Chapter 2, EUA/Hong Kong, 2017. De Chad Stahelski) ★★★½
14. Kong: A Ilha da Caveira
(Kong: Skull Island, EUA/China/Austrália/Canadá, 2017. De Jordan
Vogt-Roberts.) ★★★½
13. A Qualquer Custo
(Hell or High Water, EUA, 2016. De David Mackenzie) ★★★★
12. Em Ritmo de Fuga
(Baby Driver, EUA/Reino
Unido, 2017. De Edgar Wright) ★★★★
11. Guardiões da Galáxia:
Volume 2
(Guardians of The Galaxy
Vol.2, EUA/Nova Zelândia/Canadá, 2017. De James Gunn) ★★★★
10. Mãe!
(Mother!, EUA, 2017. De
Darren Aronofsky) ★★★★
9. Como Nossos Pais
(idem, Brasil, 2017. De Laís
Bodanzky) ★★★★
8. Bingo: O Rei das Manhãs
(idem, Brasil, 2017. De
Daniel Rezende) ★★★★
7. Assassinato no Expresso
Oriente
(Murder on the Orient Express, EUA/Reino Unido/Malta, 2017. De Kenneth
Branagh) ★★★★
6. Baseado em Fatos Reais
(D’après une histoire vraie,
França/Bélgica/Polônia, 2017. De Roman Polanski) ★★★★
5. Armas na Mesa
(Miss Sloane, EUA/França, 2016. De John Madden) ★★★★
4. Logan
(idem, EUA/Canadá/Austrália,
2017. De James Mangold) ★★★★½
3. A Vilã
(Ak-Nyeo, Coreia do Sul,
2017. De Byung-gil Yung) ★★★★½
2. O Formidável
(Le Redoutable, Itália/França/Mianmar,
2017. De Michel Hazanavicius) ★★★★½
(La La Land, EUA/Hong Kong, 2016. De Damien Chazelle) ★★★★★
Outras recomendações válidas: “Planeta dos Macacos: A Guerra”, de Matt Reeves; “Terra Selvagem”, de Taylor Sheridan; “Até o Último Homem”, de Mel Gibson; “Ao Cair da Noite”, de Trey Edward Schults; “Atrás há Relâmpagos”, de Julio Hernández Cordón.
Que este recém-iniciado 2018 seja afortunado com grandes
filmes.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Leonie's de Ouro - 3ª Edição - Favoritos de 2017
A mais prestigiada, elaborada e modesta
premiação da blogosfera cinéfila brasileira
está de volta para sua terceira edição, graças a
um ainda mais surpreendente surto de continuidade de seu realizador.
Sejam bem-vindos ao
3º Leonie’s de Ouro – Premiando meus favoritos do cinema em
2017
(listados por ordem óbvia de preferência,
enaltecendo os vencedores)
Melhor ator
principal:
1. Louis
Garrel, como Jean-Luc Godard, em O
Formidável
2.
Hugh Jackman, como Logan, em Logan
3.
Vladmir Brichta, como Augusto
Mendes (Bingo), em Bingo - O Rei das Manhãs
4.
Ryan Gosling, como Sebastian, em La
La Land
5.
Kenneth Branagh, como Hercule Poirot,
em Assassinato no Expresso Oriente
Melhor
atriz principal:
1.
Jessica Chastain (s2), como Miss
Sloane, em Armas na Mesa
2.
Maria Ribeiro, como Rosa, em Como
Nossos Pais
3.
Ok-bin Kim, como Sook-hee, em A
Vilã
4.
Emma Stone, como Mia, em La
La Land
5.
Dafne Keen, como Laura, em Logan
Melhor
ator coadjuvante:
1.
Jorge Mautner, como Homero, em Como
Nossos Pais
2.
Bryan Cranston, como Sal, em A
Melhor Escolha
3.
Ben Foster, como Tanner Howard,
em A Qualquer Custo
4.
Mark Strong, como Rodolfo Schmidt,
em Armas na Mesa
5.
Hugo Weaving, como Tom Doss, em Até
o Último Homem
Melhor
atriz coadjuvante:
1. Clarisse
Abujamra, como Clarice, em Como
Nossos Pais
2.
Michelle Pfeiffer, como Mulher, em mãe!
3.
Eva Green, como Elle, em Baseado
em Fatos Reais
4.
Riley Keough, como Kim, em Ao
Cair da Noite
5.
Elizabeth Olsen, como Jane
Banner, em Terra Selvagem
Prêmio
família Corleone - Melhor elenco:
1. A Melhor Escolha
(Steve Carell, Bryan
Cranston, Laurence Fishburne,
J.Quinton Johnson,
Yul Vasquez)
2. Assassinato no Expresso Oriente
(Kenneth Branagh, Michelle
Pfeiffer, Daisy Ridley, Josh Gad,
Johnny Depp, Leslie Odom Jr., Tom Bateman, Penélope
Cruz,
Judi Dench, Willem
Dafoe)
3. Como Nossos Pais
(Maria Ribeiro, Clarisse Abujamra, Jorge Mautner,
Felipe Rocha,
Herson Capri, Cazé
Peçanha, Paulo Vilhena)
4. Armas na Mesa
(Jessica Chastain, Mark
Strong, Alison Pill, Michael Stuhlbarg,
John Lithgow, Gugu Mbatha-Raw, Sam Waterson)
5. Ao Cair da Noite
(Joel Edgerton, Christopher
Abbott, Carmen Ejogo,
Riley Keough, Kelvin
Harrison Jr.)
Prêmio
Brian De Palma - Melhor direção:
1.
Michel Hazanavicius, por O Formidável
2.
Byong-gil Jeong, por A Vilã
3. Damien Chazelle, por La La Land
4.
Chad Stahelski, por John Wick: Um Novo Dia para Matar
5.
Edgar Wright, por Em Ritmo de Fuga
Prêmio Alexander Payne - Melhor roteiro original:
1.
La La Land, escrito por Damien Chazelle
2.
Armas na Mesa, escrito por Jonathan Perera
3.
Como Nossos Pais, escrito por Laís
Bodanzky e Luiz Bolognesi
4.
Em Ritmo de Fuga, escrito por Edgar Wright
5.
Terra Selvagem, escrito por Taylor
Sheridan
Melhor roteiro adaptado:
1.
Baseado em Fatos Reais, escrito por Olivier Assayas e Roman Polanski
(com
base no romance de Delphine de Vigan)
2.
Assassinato no Expresso Oriente, escrito por Michael Green
(com
base no romance de Agatha Christie)
3.
Logan, escrito por James Mangold, Michael Green e Scott Frank
(com
base na HQ de Mark Millar e Steven McNiven)
4.
A Melhor Escolha, escrito por Richard Linklater e Darryl Ponicsan
(com
base no livro de Darryl Ponicsan)
Prêmio
Haley Joel Osment - Merece passar a ser acompanhado:
Amiah
Miller, a doce Nova de Planeta
dos Macacos: A Guerra
e A carreira na
direção de John Krasinski, estreante no sensível Família
Hollar
Prêmio
Macaulay Culkin - É mais saudável não passar a acompanhar:
Qualquer uma das
crianças galhofas de It: A Coisa
Prêmio
Nicolas Cage - Bons atores produzindo esterco com o script:
Kate
Winslet, em Depois Daquela
Montanha e
Juliano
Cazarré, em Real: O Plano por Trás da
História
Prêmio
McConaughey - Retomada de carreira:
Michelle
Pfeiffer, por duas poderosas interpretações coadjuvantes,
em Assassinato
no Expresso Oriente e em mãe!
Prêmio
Estação de Trem em Os Intocáveis - Melhor montagem:
1. A Vilã
2. O Formidável
3. John Wick: Um Novo Dia para Matar
4. O Muro
5. Bingo - O Rei das Manhãs
Melhor fotografia:
1.
Ben Richardson, por Terra Selvagem
2.
Larry Fong, por Kong: A Ilha da Caveira
3.
Haris Zambarloukos, por Assassinato no Expresso
Oriente
4. Jung-hun Park, por A Vilã
5.
Giles Nuttgens, por A Qualquer Custo
Melhor
trilha sonora - considerando música incidental ou exterior:
1.
La La Land
2.
Em Ritmo de Fuga
3.
Kong: A Ilha da Caveira
4.
Amores Canibais
5. Empate: Atrás há Relâmpagos e O
Filme da Minha Vida
Melhores efeitos visuais:
1. Planeta dos Macacos: A Guerra
2. Até o Último Homem
3. Okja
4. Kong: A Ilha da Caveira
5. Guardiões da Galáxia - Volume 2
Prêmio
Cosmo Kramer - Figura mais hilária do cinema no ano:
O Dusan
Mirkovic de Christoph Waltz, em Pequena Grande
Vida
Prêmio
Happy Madison - Piores filmes do ano:
Assassin's
Creed,
Siga
Pela 10 (produção original Netflix)
e It: A Coisa
Prêmio Film Français - Filmes mais superestimados do ano:
1. Moonlight
2. Fragmentado
3. Corra!
Prêmio
Shakespeare - Muito barulho por nada:
Real:
O Plano por Trás da História e It:
A Coisa
Prêmio James Doakes - Surprise
motherfucker! -
Surpresas
(ou subestimados ou esquecidos) do ano:
O mais intrigante e
relevante entre os "ignorados pelas premiações",
Armas
na Mesa,
e o "Darín do
ano", Neve
Negra
Prêmio
Eduardo Coutinho - O poder do documentário:
Jim&Andy: The Great Beyond, de Chris Smith,
Cuidado
com o Slenderman, de Irene
Taylor Brodsky,
e O
Muro, de Lula Buarque de Hollanda
Prêmio
Heisenberg - Melhores séries do ano:
A terceira temporada
de Fargo (FX),
e a primeira
temporada de Mindhunter (Netflix)
Prêmio
Yippee ki-yay! - Diálogo ou frase mais marcante do ano:
"I believe it takes a fracture of the soul
to murder another human being.",
proferida pelo
detetive Hercule Poirot, em Assassinato no Expresso Oriente
Prêmio
fiction crush do ano - autoexplicativo e possivelmente revelador:
A Anne
Wiazemsky
de Stacy Martin
em O Formidável
Até
2019!
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